sexta-feira, 20 de abril de 2012

Fiat Bravo x Hyundai i30 x Ford Focus

 


Antes estrelas do mercado, a menina dos olhos dos fabricantes na década passada, os sedãs médios estão cedendo o lugar na ribalta para os hatches. O segmento cresceu em número de opções e ganhou qualidade. Desenho e acabamento esmerados e emprego de materiais agradáveis ao toque tornaram-se itens obrigatórios, assim como amplo espaço interno e pacotes de equipamentos bem servidos.

Neste comparativo, alinhamos o mais novo integrante do clube, o Fiat Bravo, com dois dos líderes, Hyundai i30 e Ford Focus. Todos nas versões de entrada, equipadas com câmbio manual, na faixa de preço entre 50000 e 55000 reais, considerando os preços encontrados no mercado e não o divulgado nas tabelas.

Para conseguirmos reunir os três veículos, contamos com o empréstimo das fábricas, no caso do Bravo e do Focus, e da loja ComfortCar, de São Paulo, uma vez que o representante da Hyundai informou não ter disponível a versão 2011 do i30. Como de costume, para a cotação dos preços dos seguros, contamos com a consultoria da corretora Nova Feabri e, para o levantamento das peças, da empresa Audatex. A cesta básica pesquisada inclui as seguintes peças: amortecedores dianteiros (par), para-choque dianteiro, retrovisor (esquerdo), farol (esquerdo), pastilhas de freio (jogo) e kit de embreagem (disco, platô e rolamento). Conheça o poder de fogo de cada membro desta tropa de elite.



3º Fiat Bravo Essence 1.8 16V
É difícil um desafiante perder um comparativo em um teste de estreia. Em geral, os calouros se dão bem justamente por apresentar o que há de mais novo, com aperfeiçoamentos que superam os mais veteranos. Em tese, a fábrica que lança um produto mais tarde pode analisar as características da concorrência e adotar diferenciais competitivos. Essa prática, no entanto, não é regra.

O Fiat Bravo tem qualidades, entre elas destaca-se o design. Seu estilo é bonito, elegante e tira partido de soluções originais, como as lanternas traseiras convexas, ocupando os três planos da carroceria. Internamente, o painel é interessante, com linhas refinadas e acabamento de boa qualidade. Aliás, justiça seja feita, a evolução da Fiat nesse quesito é visível - e sensível - a cada lançamento.

No que diz respeito aos equipamentos, mesmo na versão de entrada avaliada, não há do que se queixar do Bravo. Duplo airbag, ar-condicionado, direção elétrica, piloto automático, sistema Isofix (para fixação de cadeiras de criança), sistema de som, rodas de liga e faróis auxiliares de iluminação em curvas fazem parte do pacote de série. ABS é opcional.

No entanto, com as variações de costume, esses recursos também estão presentes nos rivais e o Bravo perde pontos importantes em outras áreas. Em relação à dirigibilidade, não desperta grandes emoções. Sua direção é leve demais, mesmo quando está no modo mais firme (há dois programas). E a suspensão, embora segure o carro nos deslocamentos laterais, é muito macia. Dos três hatches deste comparativo, o Bravo é o único que tem eixo de torção na traseira - os outros são multilink. Em uma curva, há pouco diálogo com o motorista, que não consegue interagir com o carro. E o motor não ajuda, porque demora muito a responder, apesar do bom volume de torque (18,9 mkgf) e potência (132 cv). Quem andou na versão T-Jet, como o subeditor Gustavo Ruffo, na edição de dezembro, diz que o conjunto é bem melhor, graças à suspensão mais firme, aos pneus 215/45 R17 (contra 205/45 R16) e ao motor de 152 cv.

Em relação ao lado mais racional de uma compra, o Bravo tem a desvantagem de não ser barato e ainda não ser comercializado com descontos, como é natural com toda novidade recém-lançada. O preço da versão Essence manual é 55200 reais, sem choro nem vela. Além disso, sua garantia de dois anos é a menor entre as dos rivais alinhados aqui. Por ser muito novo no mercado, não foi possível fazer as cotações de peças e preço do seguro.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO A direção, muito leve, e a suspensão, macia demais, filtram as interações do carro com a via.
★★★

MOTOR E CÂMBIO O motor tem bom volume de força, mas demora a embalar. O câmbio, por sua vez, não faz milagres.
★★★

CARROCERIA O estilo é o ponto forte do Bravo, por fora e por dentro.
★★★★

VIDA A BORDO A cabine é espaçosa e o acabamento, de qualidade. Mas a visibilidade é deficiente.
★★★

SEGURANÇA ABS é opcional. Mas tem airbags e faróis direcionais de série.
★★★

SEU BOLSO Vendido sem desconto, tem dois anos de garantia e revisões programadas com preço fixo.
★★★




2º Hyundai i30 GLS 2.0 16V
O Hyundai i30 entrou neste comparativo como favorito. Além das virtudes já conhecidas, como o acabamento de qualidade, o amplo espaço interno e a boa dirigibilidade, ele traz no currículo o bom desempenho no teste de Longa Duração. A análise foi publicada na segunda edição de dezembro. Ao sair enxuto, depois de 60000 km, sua nota só não foi melhor por causa da falta de cuidado da rede autorizada na hora de fazer a manutenção, o que nos causou muitas dores de cabeça.

Carro mais vendido no segmento de hatches médios, com garantia de cinco anos e as novidades da linha 2011, o i30 demonstra ter bastante fôlego. A Caoa, que é representante da Hyundai, anunciou 50 itens, embora não soubesse relacioná-los quando questionada. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, foram aperfeiçoamentos que não são facilmente detectáveis, como nova calibragem da suspensão, novo coletor de escapamento e nova programação do módulo de injeção.

Alinhado com os rivais, o i30 seguiu firme na frente, graças ao motor mais potente e ao pacote de equipamentos que inclui os freios ABS entre os itens de série, enquanto os rivais oferecem esse recurso apenas como opcional, nas versões de entrada analisadas. Na pista de testes, o i30 se saiu bem nas provas de desempenho. Nas medições de 0 a 100 km/h, fez o melhor tempo. Mas não foi tão eficiente nos ensaios de frenagens. Vindo a 80 km/h, ele precisou de 27,9 metros para parar, enquanto o Bravo parou em 25,5 metros e o Focus, em 24,8 metros. Na hora de medir o consumo, ele se revelou um carro econômico, com as médias de 9,6 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada. Mas essas marcas foram conseguidas rodando com gasolina, porque o i30 não tem motor flex. E foi a partir desse momento que o Ford Focus começou a se mostrar uma opção mais interessante.

Ser flex é imperativo por questões ambientais e também financeiras, uma vez que seu custo de operação é menor - aspecto mais importante ainda nessa faixa de mercado. Mas não foi só por isso que o Focus avançou e acabou ultrapassando o i30. O Focus leva vantagem também por custar menos: 53430 reais, na versão GL, e 54950 reais, na GLX, que inclui ABS. No mercado, elas saem por 50000 e 52000 reais, respectivamente, enquanto o i30 custa 58000 reais e sai por 55000 reais. No que diz respeito às qualidades do i30, o Focus também tem as suas (veja a seguir) e merece o benefício da dúvida, por não ter sido submetido ao teste de Longa Duração.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO A direção é um pouco pesada, principalmente em contraste com a suavidade da suspensão. Poderia ter se saído melhor nas frenagens.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO O motor garante bom desempenho e gasta pouco, mas não é flex. O câmbio está bem escalonado.
★★★★

CARROCERIA Os painéis internos são montados com precisão. Por fora, o estilo é ousado.
★★★★

VIDA A BORDO Espaçoso, tem boa visibilidade e diversos porta-objetos.
★★★★

SEGURANÇA Tem ABS e duplo airbag de série.
★★★★

SEU BOLSO Seu preço de tabela é maior, mas no mercado sai pelo mesmo preço do Bravo. Tem cinco anos de garantia. Seu seguro tende a ser mais caro.
★★★




1º Ford Focus 1.6 16V
Nos dois confrontos que tiveram em edições passadas, Ford Focus e Hyundai i30 fizeram disputas equilibradas, com uma vitória para cada lado. Na primeira ocasião, em março de 2009, o i30 ganhou. O teste comparou cinco carros em versões 1.8 e 2.0 equipadas com câmbio automatizado ou automático. Na segunda, deu Focus. Foi em janeiro de 2010, quando alinhamos oito hatches tendo como ponto em comum a faixa de preço. Agora, que o comparativo se orientou pelo preço das versões básicas, o Focus virou o placar a seu favor. A vantagem do Focus neste comparativo foi sobretudo o custo-benefício, como ficou claro no texto do i30. Mas a vitória foi merecida não apenas por esse aspecto.

Dos três, o Focus é o que tem melhor dirigibilidade e dá maior prazer ao dirigir. Foi interessante ver os assistentes de fotografia retornando para a redação se derretendo em elogios para o Focus. E essa nem foi a primeira vez que eles dirigiam o carro. A única queixa veio do assistente Juliano Barata, que gostaria de ver uma alavanca de câmbio com engates mais curtos.

O Focus é o dono do melhor casamento entre direção e suspensão. Os projetistas da Ford conseguiram aliar conforto e esportividade em uma plataforma que oferece rigidez elevada e permite que o carro fique bem assentado no piso, com a ajuda da suspensão (McPherson na frente e multilink atrás) e dos pneus. O motor 1.6 é o menor do comparativo e os resultados dos testes na pista mostram isso. Mas ele não decepciona. O Sigma 1.6 16V é moderno, tem cabeçote, bloco e cárter feitos de alumínio, entre outros recursos. Na pista, ficou para trás nas provas de desempenho, mas acabou tecnicamente empatado com o Bravo nas medições de consumo, com álcool.

No pós-venda, a Ford oferece três anos de garantia, e já tem uma política de revisões e peças consolidada - a Hyundai, que dá garantia de cinco anos, instituiu, no fim do mês passado, revisões programadas com preços fixos e tabela de preços para peças de reposição. Faltou falar dos estoques de peças, uma vez que a falta de alguns componentes é reclamação recorrente entre os clientes. O plano é um avanço, mas ainda não é possível avaliar resultados.

Segundo o levantamento da Audatex, Focus e i30 empatam no preço das peças. A diferença entre as cestas básicas pesquisadas foi de 1,50 real, o Focus com o valor de 3990,40 reais e o i30 com 3988,90. Já em relação ao seguro, o Focus sai mais em conta: 2362 reais, enquanto o i30 despende 3094 reais.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO Gostoso de dirigir, faz o melhor casamento entre direção e suspensão. Saiu-se bem nos testes de frenagem.
★★★★★

MOTOR E CÂMBIO O motor é o mais fraco, diante dos rivais. Mas é flex e apresenta bom rendimento. Um sexta marcha seria bem-vinda.
★★★

CARROCERIA O design levou em conta a segurança dos pedestres. Seu estilo é atual e o acabamento é de boa qualidade.
★★★★

VIDA A BORDO A melhor posição de dirigir é fácil de encontrar, a ergonomia é bem resolvida e o sistema de som tem boa qualidade.
★★★★

SEGURANÇA ABS é opcional. Duplo airbag vem de série.
★★★

SEU BOLSO É o mais barato do comparativo e tem o seguro mais em conta, comparando com o i30. Tem três anos de garantia.
★★★★




VEREDICTO
Apesar de as notas médias de Focus e i30 serem as mesmas, o Focus levou a melhor, em especial por ser uma compra mais racional. O Focus custa menos, tem seguro mais barato e a Ford dispõe de uma política de pós-venda já consolidada. O i30 é um bom produto, mas nessa faixa de preço não é a melhor opção. O Bravo, por sua vez, apesar de ser um bonito hatch recém-lançado, não foi páreo para os rivais.



 Errata
As curvas de potência e torque foram aplicadas incorretamente nos gráficos a seguir. Os valores corretos estão nas fichas técnicas.

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