segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Uma viagem com o Mercedes-Benz SLK 250 Sport

Nova versão do roadster chega para tentar amenizar o impacto do IPI
Marcelo Goto
Mercedes-Benz
SLK 250 Sport é alternativa da Mercedes para contornar novo IPI
Nesta terça-feira (3), enquanto o ministro de desenvolvimento indústria e comércio exterior, Fernando Pimentel, anunciava o novo regime automotivo, em São Paulo, eu acelerava rumo ao litoral, a bordo do novo SLK 250 Sport, da Mercedes-Benz. Você deve estar se perguntando: e o que o pronunciamento do Pimentel tem a ver com o passeio (ops, test-drive)? A resposta tem apenas três letras: IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Eu explico. Em setembro do ano passado, o governo elevou em 30 pontos percentuais a alíquota do IPI para veículos importados com menos de 65% de conteúdo nacional. O objetivo era frear as importações e equilibrar a balança comercial. E entre as vítimas está o SLK, que vem da Alemanha. Em linhas gerais, as medidas anunciadas na terça visam elevar o conteúdo brasileiro dos veículos estrangeiros e reduzir o IPI, de forma gradual, a partir do ano que vem. Mas enquanto 2013 não chega, os distribuidores traçam estratégias para driblar perdas geradas pelo imposto.
No caso do conversível, a saída encontrada pela Mercedes foi substituir as versões SLK 350 e SLK 200, disponíveis no País desde meados de 2011, pela intermediária 250 Sport. De acordo com a Fenabrave, associação que reúne os distribuidores de automóveis, a linha SLK acumulou 544 emplacamentos de julho a dezembro do ano passado. Dirlei Dias, gerente de vendas e marketing de produto da Mercedes-Benz, justifica a estratégia. "Mesmo sem o repasse de todo o IPI para o consumidor, com a alíquota atual de 30%, o preço do SLK 200 passaria de R$ 218 mil para perto de R$ 270 mil. Já o SLK 350 saltaria de R$ 265 mil para R$ 350 mil. Ficaria inviável", explica. Oferecida desde o mês passado, a nova versão é vendida por R$ 249.900. Dirlei Dias espera que o modelo substituto alcance, “pelo menos”, 400 unidades emplacadas em 2012. Mas o 250 Sport não deve ficar por muito tempo só na gama SLK. Em meados deste ano, a marca promete trazer a versão top 55 AMG, com motor de 421 cv.
Mercedes-Benz
Motor 1.8 de injeção direta entrega 204 cavalos
Receita alemã
Sob o capô, o 250 Sport traz um motor de quatro cilindros, 1.8 litro, a gasolina, e equipado com injeção direta de combustível. De acordo com o fabricante, ele é capaz de entregar 204 cavalos com a ajuda de um turbocompressor. Toda a potência é entregue aos 5.500 rpm. Já o torque máximo, de 31,6 kgfm, surge logo aos 2.000 giros, mantendo-se até os 4.300 rpm. A tração é traseira e o câmbio 7G Tronic Plus tem sete marchas. Essa combinação de atributos faz o SLK 250 alcançar 243 km/h de velocidade máxima e chegar aos 100 km/h em 6,6 segundos. Nada mal para um carro de 1,5 tonelada. Concorrente direto do roadster da Mercedes, o BMW Z4 sDrive23i é mais leve (1.430 kg) e tem os mesmos 204 cv, mas demora 7,3 s para chegar aos 100 km/h. Assim como o rival, o Z4 tem tração traseira e câmbio de sete marchas, porém levaria vantagem já que conta com sistema de dupla embreagem para agilizar as trocas de marcha – o SLK não conta com esse recurso.
Visualmente, o 250 Sport é idêntico às outras variantes. Inspirado no irmão maior SLS AMG, o SL compacto tem como destaques o capô elegante, a grade dianteira saliente e o belo conjunto óptico com fileiras de leds, inclusive para iluminação diurna. As saídas de escape quadradas, posicionadas de cada lado do pára-choque traseiro também dão ao SLK uma pose de V6. A combinação entre acabamentos cromados ou de alumínio escovado e couro garantem sobriedade e requinte à cabine, que também traz as mesmas saídas de ar em X do SLS, no painel. Falando nele, uma tela colorida posicionada no centro exibe mapas de navegação via satélite Garmin e dial digital de rádio.
Mercedes-Benz
Revestimento em couro e detalhes em metal fazem estilo do SLK
Segundo a Mercedes, os revestimentos de couro contam com tratamento químico especial para absorver menos calor quando o interior estiver exposto ao sol. Ou seja, no SLK não há risco de queimar a pele em contato com o banco de couro em dias ensolarados. Para cobrir a cabine, basta puxar o botão em forma de U, instalado no console central, segurando-o até que a capota acople no para-brisa. A operação leva cerca de 20 segundos, dois segundos a mais que o movimento inverso. Em ambos os casos, a Mercedes recomenda que eles sejam feitos com o carro parado. Com o teto guardado no porta-malas, ainda sobra 225 litros de espaço para bagagens.
Entre os equipamentos embarcados no conversível estão seis airbags, sistema Neck-Pro, capaz de minimizar o efeito chicote na coluna vertebral em caso de colisão, cintos de segurança com pré-tensionadores, ar-condicionado digital, com regulagem de duas zonas, GPS de alta precisão, farol bi-xenon com lentes direcionais e assistente de estacionamento com sensores que medem o tamanho das vagas e dispositivo Attention Assist, que alerta o motorista por meio de sinais sonoros e visuais em caso de um suposto cochilo na direção.
Mercedes-Benz
Acionamento da abertura e fechamento do teto é feito por botão no console scentral
No primeiro trecho da avaliação, viajei no banco do passageiro, que oferece regulagens elétricas do assento, do encosto e dos apoios de cabeça e lombar. Há espaço de sobra para esticar as pernas, mas a posição inconveniente do extintor de incêndio incomoda o joelho esquerdo. Placas giratórias de acrílico transparente, fixadas logo atrás dos arcos de proteção de cabeça, ajudam a diminuir a turbulência gerada pelo vento quando o carro está acima dos 100 km/h. Fiz o test-drive ao lado de um jornalista com 1,84 de altura e cerca de 100 kg de peso. Perguntei se a posição de dirigir era confortável e ele concordou, apesar de a posição do assento estar no limite da regulagem e a cabeça quase encostar no teto.
Ao volante
Assumi o volante do SLK já na rodovia dos Tamoios, que liga a região de São José dos Campos ao litoral norte do Estado. E nos 111 km do percurso pude sentir o comportamento do conversível em trechos sinuosos, com asfalto de qualidade regular ou ruim. A suspensão, herdada da geração anterior do SLK, trabalha muito bem, mantendo o carro estável. Os pneus largos de 18 polegadas também tem papel importante no bom desempenho do conjunto. Mesmo em curvas fechadas, contornadas em alta velocidade, o roadster transmitiu uma sedutora sensação de segurança.
Com o teto fechado e o câmbio na posição D, o que mais chama a atenção é o silêncio dentro do habitáculo. O motor parece adormecido. Mas é só mudar o modo de condução para Sport, apertando um pequeno botão ao lado da alavanca, para o quatro cilindros despertar. Um dispositivo instalado próximo do corpo de borboleta se encarrega de dar o tom diferenciado aos roncos acima dos 4.000 rpm, atiçando quem estiver ao volante. As trocas de marcha ocorrem automaticamente entre 3.000 e 4.000 giros e de forma mais áspera. Alterando para o modo M (manual), os engates podem ser feitos com ajuda de hastes atrás do volante. E esta é a condução mais prazerosa, principalmente nos trechos de serra. Algumas horas e quilômetros depois, eu estava de volta à capital paulista. E apesar de ter feito uma coisa que muita gente sonha em fazer um dia - desfilar a beira-mar ao volante de um conversível de luxo -, quero esclarecer que eu, assim como os colegas que cobriram a coletiva do ministro, estava trabalhando.
Merce
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